DEFICIENTES INCLUINDO DEFICIENTES:
O Professor diante da Educação Inclusiva
O título acima é meramente figurativo e inicia um debate interessante e produtivo. A discussão não é entorno de educadores deficientes que lecionam para alunos deficientes. Trata-se de uma reflexão acerca das deficiências que os docentes apresentam ao lecionar numa classe regular, onde estejam matriculados alunos com deficiência. A primeira sensação que temos quando entramos na sala de aula e vemos um aluno deficiente é, "esse semestre vai ser difícil. Porquê ele não vai para uma escola para deficientes?". Essas e outras frases fazem parte do vocabulário de alguns professores. É fato que fatores sociais, culturais, até mesmo a falta de conhecimento levam o docente a cometer esse erro e, por conseqüência torna-se um erro constitucional, pois nossa legislação prevê o acesso a educação para todos.
O maior problema social da deficiência pode ser o que ela representa para o projeto de vida do indivíduo. Espera-se do ser humano normal que cumpra com êxito os papéis pré-determinados pela sociedade. O que se observa é que a questão da identidade do deficiente, apesar de ser constantemente justificada pela dimensão biológica, é, na verdade, fortemente influenciada pela dimensão cultural. Não se deve, é claro, confundir essa influência com um determinismo cultural. A questão da deficiência deve ser tratada sob o ponto de vista do "homem total". Certamente, que algum desvio da "normalidade" em qualquer sociedade, não é inserido nos grupos e padrões sociais sem tensões. As sociedades são realidades vivas, sujeitas a crises e ajustes, que tentam dar conta dos problemas concretos e históricos que se apresentam.
Tânia Matos, da equipe de professores-técnicos da Secretaria Estadual de Educação da Bahia (SEC), esclarece:Está comprovado cientificamente que quando eles convivem com todos os alunos juntos, eles se desenvolvem muito mais do que quando agregados entre eles mesmos. Uma turma só com deficientes mentais não pode ser mais pensada. O desenvolvimento deles é bem maior quando eles estão socializados com os estudantes ditos normais. Eles ganham na linguagem e nas atitudes. (Página eletrônica Educação Online)Cabe ao professor promover a interação entre os grupos, fazendo-se perceber e aceitar as diferenças individuais, valorizar cada pessoa convivendo dentro da diversidade humana e, aprender por meio da cooperação.
A inclusão social é o processo pelo qual a sociedade e o deficiente procuram adaptar-se mutuamente em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos. A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades das pessoas para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos da sua vida. (Sassaki, 1997, p. 168)Para que haja a verdadeira inclusão, é necessário dar suporte ao professor e ao aluno. De acordo com a professora Eliana Maia, coordenadora do departamento de Educação Inclusiva, no Centro Educacional Vitória Régia, para que esta política se efetive, além de salas de apoio pedagógico, é preciso capacitar os professores para que estes conduzam as aulas, amparados nos princípios da educação especial que são a preservação da dignidade humana, a busca da identidade e o exercício da cidadania.
Geralmente, os professores resistem às inovações educacionais, como a inclusão. Acreditam que a proposta de uma educação para todos é utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos e nas circunstâncias em que se trabalha hoje nas escolas, principalmente nas redes públicas de ensino. Esses professores têm uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça romper o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é rejeitado. Partindo destes pré-supostos, chegamos à questão mais importante de nossa reflexão, será que o docente está preparado para lecionar para pessoas com deficiência? Hoje, temos cada vez menos condições para rotular uma “deficiência”. Com tantas ferramentas a nosso serviço, quem hoje em dia pode dizer-se perfeito e capaz de realizar qualquer tarefa apenas com seu próprio corpo? Quem não possui alguma deficiência? Cada ser humano tem características e necessidades diferentes, específicas.
O que nos tornas iguais é apenas o direito à educação, à liberdade, à vida!Como docentes não podemos, independente do aluno, nos deixar cercar por pensamentos humanistas e reflexões pessoais, mas devemos cumprir nosso papel de educadores, mediadores do conhecimento, ou seja, devemos acompanhar os alunos no desenvolvimento das suas potencialidades e não ser especialistas em deficiência. Para isso, são necessárias novas abordagens educacionais em sua prática pedagógica.Educar é também, confrontar-se com as deficiências de nosso próprio ser. Cada aluno é uma vida, um mundo, um processo único, e é desafio do professor aprender a lidar com cada um deles. Através da diversidade e dificuldade dos alunos, nos defrontamos com nossas próprias incapacidades.
O professor é o agente determinante na transformação da escola e, tem nas mãos a responsabilidade e a possibilidade de realizá-la. Segundo Rejane G. Coutinho, “A formação do professor se intensifica à medida que ele se defronta com as situações reais de ensino e aprendizagem. Faz parte de sua personalidade a reflexão e a pesquisa contínua.” (Barbosa, 2003, p. 158)De acordo com Maria Teresa Égler Mantoan, “A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença.” (Cavalcante, 2005, p. 25) Com isso, a escola do século XXI tem a missão de incluir portadores de necessidades especiais em turmas regulares e tornar seu ambiente aberto às diferenças.
Fazer valer, o que foi acordado no Programa Educação Inclusiva, cujos signatários são o Governo Federal, através da Secretaria da Educação Especial, os estados brasileiros e o Distrito Federal. Orientada pelas diretrizes dos Direitos Humanos, a Educação Inclusiva quer acabar com o preconceito que condena a inserção de pessoas com deficiência em turmas regulares, o qual confinou muitos estudantes em escolas especializadas.O grande desafio da educação especial é a formação do professor, a conscientização de todos os profissionais da educação e da sociedade de reconhecer essas pessoas como cidadãs, que têm direitos iguais, e criar acessibilidades nas escolas para que todos possam ter educação. E, não descuidar do processo de realização dessa formação, atentando ao modo pelo qual os professores aprendem para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos, bem como a sua reação frente às novidades.
Adriana Fontes
adriana@institutocisne.org.br
O Professor diante da Educação Inclusiva
O título acima é meramente figurativo e inicia um debate interessante e produtivo. A discussão não é entorno de educadores deficientes que lecionam para alunos deficientes. Trata-se de uma reflexão acerca das deficiências que os docentes apresentam ao lecionar numa classe regular, onde estejam matriculados alunos com deficiência. A primeira sensação que temos quando entramos na sala de aula e vemos um aluno deficiente é, "esse semestre vai ser difícil. Porquê ele não vai para uma escola para deficientes?". Essas e outras frases fazem parte do vocabulário de alguns professores. É fato que fatores sociais, culturais, até mesmo a falta de conhecimento levam o docente a cometer esse erro e, por conseqüência torna-se um erro constitucional, pois nossa legislação prevê o acesso a educação para todos.
O maior problema social da deficiência pode ser o que ela representa para o projeto de vida do indivíduo. Espera-se do ser humano normal que cumpra com êxito os papéis pré-determinados pela sociedade. O que se observa é que a questão da identidade do deficiente, apesar de ser constantemente justificada pela dimensão biológica, é, na verdade, fortemente influenciada pela dimensão cultural. Não se deve, é claro, confundir essa influência com um determinismo cultural. A questão da deficiência deve ser tratada sob o ponto de vista do "homem total". Certamente, que algum desvio da "normalidade" em qualquer sociedade, não é inserido nos grupos e padrões sociais sem tensões. As sociedades são realidades vivas, sujeitas a crises e ajustes, que tentam dar conta dos problemas concretos e históricos que se apresentam.
Tânia Matos, da equipe de professores-técnicos da Secretaria Estadual de Educação da Bahia (SEC), esclarece:Está comprovado cientificamente que quando eles convivem com todos os alunos juntos, eles se desenvolvem muito mais do que quando agregados entre eles mesmos. Uma turma só com deficientes mentais não pode ser mais pensada. O desenvolvimento deles é bem maior quando eles estão socializados com os estudantes ditos normais. Eles ganham na linguagem e nas atitudes. (Página eletrônica Educação Online)Cabe ao professor promover a interação entre os grupos, fazendo-se perceber e aceitar as diferenças individuais, valorizar cada pessoa convivendo dentro da diversidade humana e, aprender por meio da cooperação.
A inclusão social é o processo pelo qual a sociedade e o deficiente procuram adaptar-se mutuamente em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos. A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades das pessoas para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos da sua vida. (Sassaki, 1997, p. 168)Para que haja a verdadeira inclusão, é necessário dar suporte ao professor e ao aluno. De acordo com a professora Eliana Maia, coordenadora do departamento de Educação Inclusiva, no Centro Educacional Vitória Régia, para que esta política se efetive, além de salas de apoio pedagógico, é preciso capacitar os professores para que estes conduzam as aulas, amparados nos princípios da educação especial que são a preservação da dignidade humana, a busca da identidade e o exercício da cidadania.
Geralmente, os professores resistem às inovações educacionais, como a inclusão. Acreditam que a proposta de uma educação para todos é utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos e nas circunstâncias em que se trabalha hoje nas escolas, principalmente nas redes públicas de ensino. Esses professores têm uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça romper o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é rejeitado. Partindo destes pré-supostos, chegamos à questão mais importante de nossa reflexão, será que o docente está preparado para lecionar para pessoas com deficiência? Hoje, temos cada vez menos condições para rotular uma “deficiência”. Com tantas ferramentas a nosso serviço, quem hoje em dia pode dizer-se perfeito e capaz de realizar qualquer tarefa apenas com seu próprio corpo? Quem não possui alguma deficiência? Cada ser humano tem características e necessidades diferentes, específicas.
O que nos tornas iguais é apenas o direito à educação, à liberdade, à vida!Como docentes não podemos, independente do aluno, nos deixar cercar por pensamentos humanistas e reflexões pessoais, mas devemos cumprir nosso papel de educadores, mediadores do conhecimento, ou seja, devemos acompanhar os alunos no desenvolvimento das suas potencialidades e não ser especialistas em deficiência. Para isso, são necessárias novas abordagens educacionais em sua prática pedagógica.Educar é também, confrontar-se com as deficiências de nosso próprio ser. Cada aluno é uma vida, um mundo, um processo único, e é desafio do professor aprender a lidar com cada um deles. Através da diversidade e dificuldade dos alunos, nos defrontamos com nossas próprias incapacidades.
O professor é o agente determinante na transformação da escola e, tem nas mãos a responsabilidade e a possibilidade de realizá-la. Segundo Rejane G. Coutinho, “A formação do professor se intensifica à medida que ele se defronta com as situações reais de ensino e aprendizagem. Faz parte de sua personalidade a reflexão e a pesquisa contínua.” (Barbosa, 2003, p. 158)De acordo com Maria Teresa Égler Mantoan, “A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença.” (Cavalcante, 2005, p. 25) Com isso, a escola do século XXI tem a missão de incluir portadores de necessidades especiais em turmas regulares e tornar seu ambiente aberto às diferenças.
Fazer valer, o que foi acordado no Programa Educação Inclusiva, cujos signatários são o Governo Federal, através da Secretaria da Educação Especial, os estados brasileiros e o Distrito Federal. Orientada pelas diretrizes dos Direitos Humanos, a Educação Inclusiva quer acabar com o preconceito que condena a inserção de pessoas com deficiência em turmas regulares, o qual confinou muitos estudantes em escolas especializadas.O grande desafio da educação especial é a formação do professor, a conscientização de todos os profissionais da educação e da sociedade de reconhecer essas pessoas como cidadãs, que têm direitos iguais, e criar acessibilidades nas escolas para que todos possam ter educação. E, não descuidar do processo de realização dessa formação, atentando ao modo pelo qual os professores aprendem para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos, bem como a sua reação frente às novidades.
Adriana Fontes
adriana@institutocisne.org.br
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