05 abril 2010

2 DE ABRIL- DIA MUNDIAL DA CONSCIÊNCIA DO AUTISMO

De todas as surpresas, todos os sustos, todos os becos sem saída que a vida pode nos apresentar, um dos mais impactantes é a perda de um filho. A vida segue em frente, na ordem natural das coisas. Mas, às vezes, o carro toma a frente dos bois e tomba, causando completa perplexidade.A morte de um filho é uma ideia assustadora. Vivemos com a certeza de que, depois de nossa partida, nossos filhos permanecerão para dar continuação a tudo o que deixamos pendente. A perda do filho rompe essa lógica, causando um tão profundo sentimento de vazio, de luto, que se perde a bússola, rasgam-se os mapas já traçados para o futuro.O nascimento de um filho com deficiência, para a maioria das famílias, traz o mesmo sentimento de perda.



Os pais planejam: "meu filho será jogador de futebol!" "Minha filha será advogada!" "Meu filho vai ser um Don Juan!" "Minha filha será médica!" "Meu almoço de Páscoa será cheio de netos!" Quando se sente que essas expectativas poderão deixar de ser atendidas, perde-se o rumo.Um filho autista, por sua vez, traz outro tipo de angústia. Crianças autistas não têm traços que demonstrem suas características tão especiais e costumam ter um desenvolvimento aparentemente comum na primeira infância. Em torno dos três anos de idade, percebe-se que têm limitações para se comunicar, para interagir com as demais pessoas, mostram movimentos repetitivos. Nossa cultura e o conhecimento que médicos e professores têm do autismo são limitados. Assim, o diagnóstico é dado, na maioria dos casos, como se fosse uma sentença: fala-se em "incapacitante para toda a vida"! A sensação é a de uma puxada de tapete: quando tudo parecia bem, o terremoto!Os pais, caindo no luto que sucede essa notícia, encontram-se desamparados, sentem como se tivessem perdido o filho.



Para piorar, a falta de conhecimento sobre autismo e os preconceitos são tão grandes que professores, mesmo de escolas especiais, evitam trabalhar com crianças autistas. Médicos e outros profissionais da Saúde se veem perplexos; poucos buscam novos conhecimentos, a maioria evita esses pacientes, ou repete velhos chavões.As dúvidas e medos dos pais são expressos em perguntas assustadas que, muitas vezes, não têm respostas adequadas:-"Meu filho vai ser independente? Vai ler? Vai usar o sanitário? Vai falar?"Raramente se encontra alguém habilitado a afastar essas preocupações. Pessoas autistas têm dificuldades de comunicação, mas aprendem a se comunicar. Têm dificuldades para entender as intenções das outra pessoas, mas gostam de conviver com elas e podem aprender esse convívio. E muitas têm habilidades fora do comum, que compensam suas dificuldades.



As pessoas autistas precisam de compreensão e dedicação. Seu processo de aprendizado é irregular, podem demorar anos para aprender a falar e dias para aprender a nadar. Muitas desenvolvem a leitura sozinhas, apenas observando os comerciais de televisão. A maioria tem o pensamento visual e memória prodigiosa; usar figuras para ensinar-lhes tem bons resultados.Ao contrário do que se imagina, pessoas autistas não são frias e sem sentimentos. Crianças autistas, em particular, são carinhosas; adultos autistas responderão ao mundo da forma como foram tratados ao longo da vida. Se toques e abraços lhes parecem sufocantes, podem, pacientemente, aprender a receber os carinhos de que precisam. Se a fala humana pode lhes parecer um conjunto de ruídos sem sentido, é preciso falar e mostrar-lhes figuras, para associarem os sons às imagens e, assim, aprender.Generalizações são sempre perigosas.



Cada ser humano é um indivíduo em particular. Há pessoas autistas com grandes habilidades em matemática e outras incapazes de somar um mais um. Há aquelas capazes de discorrer horas a fio sobre Mitologia Grega, dinossauros ou carros, e outras incapazes de falar uma palavra sequer; há aquelas capazes de escrever longos discursos, mesmo sem falar. Há pessoas autistas que vivem vidas normais, trabalham, constituem famílias e criam seus filhos.Importante é entender que seu lugar é conosco, com nossos mesmos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, a salvo da negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Uma proteção que é dever da família, da sociedade e do Estado.



Assim, aproveitamos o Dia Mundial da Consciência do Autismo, decretado pela ONU há três anos, para lembrar a todos que as pessoas autistas, antes de mais nada, são pessoas. Que podem viver em sociedade, que têm esse direito. Que são nossos irmãos, dentro da grande família que é a Humanidade.



Argemiro Garcia
Pai de Gabriel, 16 anos
Salvador, Bahia, Brasil
Coordenador da AFAGA
Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista
Secretário da ABRAÇA
Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo

Atividades por todo o Brasil

Brasília
Blitz do Autismo celebra em Brasília, 3ª Edição do Dia Internacional do Autismo

Data: 07abril2010

Hora: 10h

Local: Posto da Polícia Rodoviária Federal, BR-040, km zero (próx. Santa Maria-DF).

Obs: Entrega de Panfletos e explicações sobre o Autismo.

_________________________________________________

Câmara dos Deputados celebra em Brasília, 3ª Edição do Dia Internacional do Autismo

Uma parceria entre a Organização Não-Governamental (ONG) Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB), a Associação dos Amigos dos Autistas (AMA-DF), CLIAMA, Coordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência do Distrito Federal (CORDE/DF) e a Subsecretaria de Cidadania (SEJUS/GDF), com o apoio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, realizará ato comemorativo alusivo ao Dia Internacional do Autismo, dia 02 de abril. A data, que há três anos foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), excepcionalmente, em 2010, por coincidir com a sexta-feira da paixão, será celebrada no dia 08 de abril, plenário 11, anexo II da Câmara dos Deputados, em Brasília.
__________________________________________________
Rio de Janeiro
Palestras gratuitas dia 6 de Abril RJ
Em homenagem ao dia e mês de Conscientização Mundial do Autismo, haverá uma série de palestras no RJ, nesta 3ª feira próxima com entrada franca!!

Não deixe de comparecer!Informação é o que vc pode ter de melhor para lutar!

DIA 06 DE ABRIL DE 2010PALESTRAS CIENTÍFICAS

Local: Auditório da Defensoria Pública no Rio de JaneiroEnd.: Avenida Marechal Câmara, 314 – Centro – RJ ( a partir das 13:30hs )
Temas:
•Diagnóstico precoce – Doutoranda Mariana Garcia (pesquisa da Drª Carolina Lampreia)
•Neurotoxidade dos metais pesados no autista – Mariel Mendes – Biomédica
•Terapia comportamental – Sandra Cerqueira – Psicóloga
•Trabalho realizado pelo CEMA- Rio – Drª Eliana Silva
•Terapias da Mão Amiga - Mônica Accioly – Fonoaudióloga e Coordenadora técnica da Associação Mão Amiga-- Autismo: - Aceitação sim, CONFORMISMO não!!!!!!!!
______________________________________________________
CONVITE

A APADEM (Associação de Pais e Amigos do Deficiente Mental/ com foco no Autismo) tem o prazer de convidá-los a para a:
PALESTRA: “Os Direitos das Pessoas Com Necessidades Especiais (Deficiência Mental) e o Papel do Ministério Público na Defesa das Pessoas Com Deficiência”
Dia: 14 de Abril de 2010
Às 19:00
Local: Cúria Diocesana – Rua 25 b – 44 Vila Santa Cecília Volta Redonda (RJ) Telefone : ( 24 ) 3340-2801

Palestrantes: Promotores de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

ENTRADA FRANCA

Realização: APADEM
Apoio: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Informações: apademvr@gmail.com
Tel: 24- 3337 3683

ONU pede conscientização e inclusão


O Brasil não tem estatística sobre o autismo, mas nos Estados Unidos e Europa já se fala sobre a maior epidemia do mundo, saltando de um caso a cada 2.500 pessoas na década de 1990, para o número assustador atual de uma pessoa com autismo a cada 120. Estimou-se em 2007 que no Brasil, país com uma população de cerca de 190 milhões de pessoas naquele ano, havia cerca de 1 milhão de casos de autismo, segundo o Projeto Autismo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo. No mundo, há mais de 35 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem.A fim de alertar o planeta para essa tão séria questão, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou em 2008 o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day), no dia 2 de abril de cada ano. Para 2010, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância da inclusão social. “Lembremo-nos que cada um de nós pode assumir essa responsabilidade.
Vamos nos unir às pessoas com autismo e suas família para uma maior sensibilização e compreensão”, disse ele na mensagem deste ano, mencionando ainda a complexidade do autismo, que precisa de muita pesquisa. Vários monumentos e grandes construções ao redor do mundo se propuseram a iluminar-se de azul como manifestação em favor dessa conscientização no dia 2, como o prédio Empire State, em Nova York, nos Estados Unidos.No Brasil, é preciso alertar, sobretudo, as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo, além de apoiar e subsidiar pesquisas na área. Somente o diagnóstico precoce, e consequentemente iniciar uma intervenção precoce, pode oferecer mais qualidade de vida às pessoas com autismo, para a seguir iniciarmos estatísticas na área para termos idéia da dimensão dessa realidade no Brasil. E mudá-la.
O autismo faz parte de um grupo de desordens do cérebro chamado de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) – também conhecido como Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, mas há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro a raros casos com diversas habilidades mentais, com a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuído inclusive a aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Mozart e Einstein.A medicina e a ciência de um modo geral sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde como um transtorno invasivo do desenvolvimento. Muitas pesquisas ao redor do mundo tentam descobrir causas, intervenções mais eficazes e a tão esperada cura.
Atualmente diversos tratamentos podem tornar a qualidade de vida da pessoa com autismo sensivelmente melhor.Para este ano haverá, entre outros eventos promovidos pela ONU, o lançamento do documentário "A Mother’s Courage: Talking Back to Autism” (Coragem de mãe: falando sobre o autismo, em tradução livre), narrado pela premiada atriz Kate Winslet (de Titanic). O filme fala sobre uma mãe islandesa que viaja para os Estados Unidos em busca de novas terapias para o filho que é autista.Além do dia 2, o mês de abril é considerado o mês da conscientização do autismo no mundo.