Comportamentos repetitivos, estereotipias e interesses restritos são alguns dos principais sintomas que compõem o transtorno de Asperger. Todavia, até que ponto é possível diferenciá-los de sintomas obsessivo-compulsivos que preencham critérios para transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)? Muitas vezes, não é possível. Este trabalho relata o caso de um paciente com síndrome de Asperger e TOC. Abordamos até que ponto é realmente importante a distinção de um TOC como comorbidade distinta do Asperger, bem como nossa conduta terapêutica, na qual um inibidor seletivo da recaptura de serotonina (ISRS) em doses altas (fluoxetina) foi fundamental para melhor adaptação do paciente a suas funções socioocupacionais, melhorando significativamente sua qualidade de vida.
De acordo com o DSM-IV TR, os indivíduos com transtorno de Asperger têm um comprometimento importante da interação social, padrões repetitivos do comportamento e interesses restristos, sem haver atraso clinicamente significativo do desenvolvimento cognitivo e da linguagem (American Psychiatric Association, 2000). Em conceitos práticos, essas características resumem esta condição a um quadro semelhante ao transtorno autista, porém com a inteligência preservada, levando alguns autores a incluírem a síndrome de Asperger no "autismo de alto desempenho" (Gillberg, 2002).
Ao se falar especificamente da relação entre TOC e síndrome de Asperger, fica evidente o problema em distinguir a primeira da última (respectivamente) como um diagnóstico em separado (Blacher et al., 2003; Gillberg, 2002). Aceita-se que quando as obsessões, as compulsões e os rituais tornam-se graves e incapacitantes, o diagnóstico de TOC como uma comorbidade deve ser feito (Gillberg, 2002).
Vale salientar que não existe tratamento específico para a síndrome de Asperger, mas os pacientes podem se beneficiar de um manejo adequado das comorbidades e de um bom tratamento sintomático. Freqüentemente se faz necessário o uso de antipsicóticos (especialmente os "atípicos") para redução da agitação, do comportamento agressivo e dos maneirismos (Blacher et al., 2003; Gillberg, 2002).
Ainda é escasso o número de estudos que avaliam a incidência e a prevalência do transtorno de Asperger, bem como de suas comorbidades. Entretanto, considera-se que a chance da presença de uma comorbidade ser alta, e por vezes traz maior prejuízo e sofrimento do que a própria síndrome de Asperger. Há ainda o fato de que muitas vezes o diagnóstico é dificultado pela interposição de sintomas. Em relação ao TOC, muitas vezes a distinção é feita pela intensidade dos sintomas. Foi o ocorrido com o paciente do caso clínico apresentado, no qual o diagnóstico de TOC comórbido foi estabelecido, necessitando tratamento específico, que obteve execelente resultado. Concluímos que a fluoxetina pode ser útil na abordagem do Asperger, visto que mais importante do que se discutir os limites entre esta síndrome e o TOC, é fundamental administrar a terapêutica específica para os sintomas obsessivos-compulsivos, que, por vezes, são o principal problema do paciente.
Achei interessante este artigo, pois Matheus tem apresentado um tipo de Toc, não fiz exames para saber se é isso, por enquanto só especulo ser.Fiquei preocupada e acho que muitos pais ficam angustiados de verem seus filhos com algum tipo de "tic nervoso", algo que se repete várias vezes ao dia e que nos deixa realmente preocupados, nas minhas pesquisas não achei muita coisa, apenas esse artigo fala mais claramente.
Paz a todos