14 março 2008

Mundo Autônomo-Matéria Zero Hora (Porto Alegre)

Dificuldades motoras e de expressão são alguns sintomas das crianças autistasNa creche, ele pouco interage com as outras crianças. Prefere ficar sozinho, brincando com um objeto que parece seu melhor amigo.Em casa, é arisco. Recusa os beijos da mãe, o colo do pai e repete as mesmas palavras por várias vezes.

O comportamento que, para os pais, parece natural a uma criança em fase de aprendizagem pode revelar um transtorno: o autismo. Atingindo cerca de 15 pessoas em grupos de 10 mil indivíduos, a patologia tem causa pouco conhecida.- Desde cedo, é possível observar se a criança tem o transtorno. O olhar diferente, sem manifestações de alegria ou tristeza, pode ser um indicativo - afirma a pedagoga especial para deficientes mentais Adriana Latosinski Kuperstein, especializada em transtorno global do desenvolvimento - transtorno autista.


Pesquisadores acreditam que vários genes estão relacionados ao distúrbio, que se manifesta geralmente até os três anos e, na maioria dos casos, em meninos. Para os estudiosos, as causas neurobiológicas, associadas a graus variados ao autismo (como as convulsões), e fatores como a deficiência mental, a diminuição do tamanho dos neurônios e sinapses e as alterações na concentração de serotonina podem estar ligadas a componentes genéticos.


Mesmo complexo, o transtorno pode ser identificado por sintomas como a dificuldade de relacionamento e de expressão, a preferência pela solidão e a irregular habilidade motora. O tratamento exige, antes de tudo, a habilidade dos pais em aceitar o distúrbio e procurar um profissional especializado o mais cedo possível. Depois de diagnosticada, a criança é avaliada e encaminhada para programas com equipes multidisciplinares que incluem a terapia de fala, o trabalho pedagógico, a estimulação motora e o acompanhamento médico.

Não há remédio para o autismo, mas utilizamos medicações para as manifestações que trazem sofrimento ao paciente - diz o psiquiatra da infância e da adolescência Paulo de Tarso da Luz Fontes Neto.Além do tratamento, é indicada a inserção da criança em escolas regulares - um desafio para professores, colegas e para a família.Saiba maisAs probabilidadesEstudos indicam uma probabilidade de 2% a 13,8% de recorrência do autismo na mesma família.


De acordo com pesquisas, ela é maior entre irmãos de indivíduos com o transtorno, dos quais 2% a 5% também apresentam a condição.PrevalênciaA taxa média do transtorno autista em estudos epidemiológicos é de 15 casos por 10 mil indivíduos, com relatos de taxas variando de 2 a 20 casos por 10 mil indivíduos.DiagnósticoBaseado em três áreas: comprometimento na interação social, comprometimento na comunicação verbal e não-verbal e no brinquedo imaginativo, e comprometimento no comportamento e interesses restritos e repetitivos. Sintomas geralmente surgem antes dos três anos.

Sintomas
Dificuldade de relacionamento, riso inapropriado, pouco contato visual, aparente insensibilidade à dor, preferência pela solidão, fixação em objetos, hiperatividade, insistência de repetição, resistência a mudanças, falta de medo do perigo, repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal, recusa colo ou afagos, age como se estivesse surdo, dificuldade em se expressar, acesso de raiva e irregular habilidade motora.

Tratamento
Não existe medicação específica para o autismo, mas para seus sintomas. O tratamento é feito em um programa individual com uma equipe multidisciplinar que tem o objetivo de estimular o paciente. A inserção em escolas regulares é indicada.

Fontes: Adriana Latosinski Kuperstein, pedagoga, e Paulo de Tarso da Luz Fontes Neto, psiquiatra