Patrícia Heiderich fundou a Ong Instituto Meta Social
Rótulo dado a pessoas com deficiência se aplica melhor às mulheres que os geraram e os ajudam a florescer
Sonhos e fantasias crescem junto com a barriga das grávidas, nos nove meses de simbiose. Mas o parto impõe o rompimento do vínculo uterino e traz à luz o filho real, que pode ser diferente do idealizado, fora do padrão dito “normal”. Mães de crianças com deficiência não negam: a notícia é um choque. Logo percebem a inexorável impossibilidade da perfeição que cedo ou tarde se revela a todos, o que lhes exige mais do que uma mudança de rota e de vida. É a prova de fogo do amor incondicional. Especiais são elas, que dispensam pena, lutam contra o preconceito e não poupam esforços para que suas crias expandam os próprios limites.
Patrícia Piancastelli Heiderich, de 46 anos, é mãe de Tathiana, hoje com 24. Ela descobriu que a menina tinha Síndrome de Down apenas na maternidade, numa época em que os exames pré-natais eram menos precisos. A tristeza a dominou. “Eu era jovem e não tinha nenhum fator de risco. Recebi a notícia do médico de forma inadequada, estava sozinha, tentando amamentá-la. A imagem do deficiente incapaz estava impregnada em mim”, afirma.
Foi um momento de luto que, em suas próprias palavras, virou luta. Patrícia decidiu batalhar para que Tathiana crescesse da melhor forma possível numa sociedade tacanha e restritiva. De negativa em negativa a cada vez que tentava matricular a filha na natação, no balé, na atividade que fosse, fartou-se da ignorância e decidiu, com uma amiga, fundar o Instituto Meta Social, Organização Não-Governamental (ONG) que há 15 anos trabalha a conscientização por meio da mídia e criou a mais popular campanha sobre o tema já realizada no Brasil: “Ser diferente é normal.”
[...]
Longa espera
Uma notícia que não vinha. Assim foi o diagnóstico de Matheus, de 12 anos, que tem Síndrome de Asperger, transtorno do espectro autista que provoca problemas de comunicação, interação social e aprendizado. Aos 3 anos, o menino ainda não falava. Foi quando a mãe, Rosana Leh Dias, de 42, iniciou a peregrinação por especialistas das mais diversas áreas.
“Ouvi de tudo, até que ele tinha esquizofrenia. Passamos por neurologistas, psicólogos, fizemos todos os tipos de exames. E íamos tratando sintomas, fazendo fono, terapia... Tudo sem saber direito o que ele tinha. Só aos 9 anos um psiquiatra infantil fez o diagnóstico correto”, conta Rosana, ex-secretária executiva que abandonou a carreira pelo filho.
Para ela, o pior foi essa indefinição. “O mais angustiante para uma mãe é não saber o que o filho tem para poder tratá-lo da melhor forma”, avalia. Mas a depressão nunca frequentou sua casa. “Como é que ele se sentiria, sabendo ser o causador dessa dor?”, raciocina. Além do que, ela diz não ter motivos para lamentações. Matheus é afetuoso, inteligente e cursa o 6º ano do Ensino Fundamental numa escola regular, apenas um período atrasado com relação à idade.
“No pré-escolar, houve o consenso de que seria melhor para ele ser alfabetizado no ano seguinte. Hoje, só recebo elogios pelo seu rendimento”, diz a mãe, que virou uma especialista em Asperger e até disponibiliza material para consultas em seu blog (http://ce.dias.blog.uol.com.br).
Rótulo dado a pessoas com deficiência se aplica melhor às mulheres que os geraram e os ajudam a florescer
Sonhos e fantasias crescem junto com a barriga das grávidas, nos nove meses de simbiose. Mas o parto impõe o rompimento do vínculo uterino e traz à luz o filho real, que pode ser diferente do idealizado, fora do padrão dito “normal”. Mães de crianças com deficiência não negam: a notícia é um choque. Logo percebem a inexorável impossibilidade da perfeição que cedo ou tarde se revela a todos, o que lhes exige mais do que uma mudança de rota e de vida. É a prova de fogo do amor incondicional. Especiais são elas, que dispensam pena, lutam contra o preconceito e não poupam esforços para que suas crias expandam os próprios limites.
Patrícia Piancastelli Heiderich, de 46 anos, é mãe de Tathiana, hoje com 24. Ela descobriu que a menina tinha Síndrome de Down apenas na maternidade, numa época em que os exames pré-natais eram menos precisos. A tristeza a dominou. “Eu era jovem e não tinha nenhum fator de risco. Recebi a notícia do médico de forma inadequada, estava sozinha, tentando amamentá-la. A imagem do deficiente incapaz estava impregnada em mim”, afirma.
Foi um momento de luto que, em suas próprias palavras, virou luta. Patrícia decidiu batalhar para que Tathiana crescesse da melhor forma possível numa sociedade tacanha e restritiva. De negativa em negativa a cada vez que tentava matricular a filha na natação, no balé, na atividade que fosse, fartou-se da ignorância e decidiu, com uma amiga, fundar o Instituto Meta Social, Organização Não-Governamental (ONG) que há 15 anos trabalha a conscientização por meio da mídia e criou a mais popular campanha sobre o tema já realizada no Brasil: “Ser diferente é normal.”
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Longa espera
Uma notícia que não vinha. Assim foi o diagnóstico de Matheus, de 12 anos, que tem Síndrome de Asperger, transtorno do espectro autista que provoca problemas de comunicação, interação social e aprendizado. Aos 3 anos, o menino ainda não falava. Foi quando a mãe, Rosana Leh Dias, de 42, iniciou a peregrinação por especialistas das mais diversas áreas.
“Ouvi de tudo, até que ele tinha esquizofrenia. Passamos por neurologistas, psicólogos, fizemos todos os tipos de exames. E íamos tratando sintomas, fazendo fono, terapia... Tudo sem saber direito o que ele tinha. Só aos 9 anos um psiquiatra infantil fez o diagnóstico correto”, conta Rosana, ex-secretária executiva que abandonou a carreira pelo filho.
Para ela, o pior foi essa indefinição. “O mais angustiante para uma mãe é não saber o que o filho tem para poder tratá-lo da melhor forma”, avalia. Mas a depressão nunca frequentou sua casa. “Como é que ele se sentiria, sabendo ser o causador dessa dor?”, raciocina. Além do que, ela diz não ter motivos para lamentações. Matheus é afetuoso, inteligente e cursa o 6º ano do Ensino Fundamental numa escola regular, apenas um período atrasado com relação à idade.
“No pré-escolar, houve o consenso de que seria melhor para ele ser alfabetizado no ano seguinte. Hoje, só recebo elogios pelo seu rendimento”, diz a mãe, que virou uma especialista em Asperger e até disponibiliza material para consultas em seu blog (http://ce.dias.blog.uol.com.br).
Um comentário:
Obrigada por postar minha entrevista!!
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